top of page

Capoeira Angola

 

"Mandinga de escravo em ânsia de liberdade, seu princípio não tem método e seu fim é inconcebível ao mais sábio capoeirista"

Mestre Pastinha

 

Após a criação da Capoeira Regional, criada por Mestre Bimba, tudo o que não era Capoeira Regional foi denominado de CAPOEIRA ANGOLA, ainda que alguns mestres chamassem apenas de capoeira.
 

Ficou conhecida como capoeira mãe, dizem ser a modalidade de capoeira que mais se aproxima daquela que seria a “capoeira dos escravos”.
 

Acreditam-se que o sobrenome “de Angola ou Angola” tenha sido incorporado devido a crença de senhores, autoridades, historiadores e africanistas, de serem de Angola os primeiros negros as chegarem ao Brasil e, entre os que aqui se encontravam, serem eles em maior quantidade, bem de serem os negros de Angola os que mais se davam a esse tipo de prática e brincadeiras.
 

O principal porto onde atracavam os navios negreiros se localizava em Angola e para os portugueses, qualquer negro trazido ao Brasil era normalmente considerado de Angola. Isso deve ter permanecido até depois da abolição, quando os negros assim libertos, mas colocados em condição desfavorável, tiveram que escolher entre trabalhar para os seus antigos donos, agora patrões, ou cair na marginalidade. E assim, ainda depois da abolição continuaram a ser tratados como “negros de Angola”. Provavelmente nesse período os ex-escravos já praticavam o que daria origem a Capoeira Angola com não muito, mas já com alguma liberdade, pelas ruas e campos. Coisa que aos olhos dos colonizadores seria visto como uma vadiagem ou um jogo de negros, jogo dos negros de Angola ou simplesmente jogo de Angola. Como o termo capoeira já existia desde a época dos quilombos para designar um escravo que fugia, um escravo podia muito bem ser chamado de “capoeira de Angola.”
 

Dizem que quando os senhores e autoridades se referiam ás formas de manifestações dos negros, tantos nas senzalas, quanto nos terreiros das casas grandes, nos dias que lhes era permitido divertirem-se, denominavam-nas “as brincadeiras dos negros de Angola” ou então diziam: “os negros estão brincando de Angola”. Daí o nome capoeira de Angola.


Muitos mestres antigos como Noronha e o próprio mestre Pastinha acreditavam que a Capoeira nasceu na África.


Após a entrega da roda da Gengibirra ao Mestre Pastinha, e a organização que ele faz da capoeira a partir de 1941, a Capoeira Angola ganha outra roupagem.


A capoeira sempre foi ensinada na oitiva, aprendia nas rodas, olhando, imitando o que se via, jogando... era aprendido nas ruas, nas portas dos bares, na frente de igreja, embaixo de arvore...


Mestre Pastinha leva a capoeira angola para dentro da academia. Registra o C.E.C.A (Centro Esportivo de Capoeira Angola). Cria uma uniformização para suas apresentações usando as cores do seu time de futebol “Ypiranga”. Formalizou uma bateria que depois veio a ser padrão de muitas escolas. Criou cargos para dinamizar a roda e tantas outras coisas.

 

Características da Capoeira Angola:

  • Bateria;

  • Musicalidade;

  • Jogo;

  • Chamadas;

  • Uniformização;

Fontes:

 

ABIB, Pedro. Mestres e Capoeiras famosos da Bahia. Salvador, BA. EDUFBA, 2013.
AREIAS, Almir das (Mestre Almir) O que é capoeira. São Paulo, Ed. Brasiliense, 1983.
COUTINHO, Daniel. ABC da Capoeira Angola: os manuscritos do Mestre Noronha. Brasília, DF: DEFER, 1993.
MAGALHÃES, Paulo Andrade. Jogo de Discurso: a disputa por hegemonia na tradição da capoeira angla baiana. Salvador, BA. EDUFBA, 2011.
PASTINHA, Vicente Ferreira. Capoeira Angola. Salvador, 1964.
REGO, Waldeloir Capoeira angola. Salvador, Ed. Itapoã, 1968.

bottom of page