Cordão de Ouro Sergipe

 

“Ele é o Mestre Suassuna, jogador de angola e de regional,

criador do estilo miudinho esse jogo manhoso que veio pra ficar”...

Mestre Pinauna

Reinaldo Ramos Suassuna, o Mestre Suassuna nasceu numa casinha de taipa em 03 de julho de 1938, na Ruinha dos Três Braços, em Itapitinga/BA que, na época, era uma vila pertencente a Ilhéus. Logo que nasceu foi para outra cidade chamada Campo Belo. Seus pais se chamavam Oscar Moreira Suassuna, de Itabuna e de Carmita Campos Suassuna, de Ilhéus. Considerado filho de criação de Itabuna pois nasceu em Ilhéus, mas foi criado em Itabuna.
 

Ainda criança teve vários problemas de saúde. Chegou perto de ser enterrado, pois foi dado como morto. A sua avó vendo o corpo do menino no caixão disse que não estava morto, o levou para cuidar e o criou, registrando pela primeira vez 1938 como seu filho (pois foi registrado outras vezes com datas e nomes diferente) com o nome de Almir de Sousa Ramos, que era o sobrenome do seu avô. No seu último registro consta a data de 03 de julho de 1942.

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Teve um princípio de paralisia infantil, uma deficiência nas pernas, as pernas eram muito finas e não aguentava nem andar muito e foi aconselhado pelo médico Dr. Augusto que praticasse algum esporte. Daí sua mãe o levou a contragosto para praticar capoeira “na rua”, pois o que ele gostava mesmo era do Boxe que estava em alta e passava na televisão e nos noticiários que passava nas praças.
 

Quando começou a estudar, já rapaz, junto com seus irmãos, num certo dia o mais velho foi dizer para o pai que o “Nado” (Reinaldo Suassuna), não queria estudar, fugia muito da escola, só queria saber de caçar passarinhos, ir tomar banho de rio e ir atrás desse povo da capoeira. Daí o pai chamou ele para uma conversa e disse:

-Olha meu filho, você não quer saber de escola?
-Quero meu pai..., mas eu gosto de capoeira...
-Então vá atrás da capoeira! “Estudo não tem futuro” (naquela época era como os mais velhos pensavam) Se der certo deu, se não der vota pra sua casa. Seu pai tá aqui, sua mãe tá aqui, seu quarto tá ali.

Esse foi o apoio que o pai do Mestre Suassuna deu a ele no tempo, e a partir desse momento que ele entra de cabeça na capoeira.
 

Daí nesse tempo ele frequentava as rodas dos bambas da capoeira desse tempo, Sururu que passava de bicicleta na frente de sua casa para ir busca-lo para as rodas, Abiner, Bigode de Arame, Papo Amarelo, Arnaldo Corneteiro, João Bate Estaca entre outros...
 

Foi convidado por Jeferson Mutti para conhecer a academia de capoeira do Major Dória. Tinha muita dificuldade de aprender, em consequência de não gostar do jogo. No entanto, permanecia na academia, porque todos os seus amigos estavam lá principalmente o Jeferson Mutti que mais o apoiava. O tempo passou e ele foi tomando gosto pela arte da capoeiragem, chegando a acordar quatro ou cinco horas da manhã para treinar.
 

Na academia Major Dória que ministrava as aulas era o Maneca Brandão, aluno do Mestre Bimba e seu companheiro de turma Zoião o ajudava nos treinamentos as vezes. E nesse tempo foi que o Mestre Suassuna começou a desenvolver mais na capoeira.
 

Quando Maneca Brandão e Zoião se afastaram para outras cidades, Suassuna ficou à frente dos trabalhos, destacando-se entre os demais alunos. Na década de 1960, criou a ACRI-Academia de Capoeira Regional de Itabuna.
 

Nesse tempo o Mestre Suassuna saia de caminhão, de Ilhéus pra Salvador, pra jogar capoeira lá com os bambas da capital. Nesse tempo que ele teve contato com os Mestres Bimba, Pastinha, Canjiquinha, João Grande João Pequeno, os alunos do mestre Bimba entre outros...
 

O Mestre Canjiquinha foi o mestre que ele mais se espelhou, tanto na pratica da capoeira, os toques de berimbau, como nas manifestações culturais, maculelê, puxada de rede, brincadeiras de roda, etc... O Mestre Canjiquinha falava:
 

“ ´Sussuna´ aqui, diz que foi aluno do Mestre Bimba, ele foi meu aluno, aprendeu tudo comigo. ”
 

Para seus shows folclóricos também teve muita base dos Grupo Folclóricos existentes da época, como Emília Biancardi.
 

Em conversas com amigos que viam seu desenvolvimento na capoeira perguntaram porque não ia pra São Paulo tentar sua vida lá. Deixou a ACRI sob comando de seu melhor aluno da época o Mestre Luis Medicina, que com sua ida mudou o nome associação para ACRESI – Academia de Capoeira Regional Suassuna de Itabuna.
 

Com 27 anos, em 1965 foi morar em São Paulo. Chegando lá depois de um tempo encontrou um pessoal de Itabuna que o levou a academia de Zé de Freitas. Mas a vida em São Paulo não foi fácil, ao chegar perdeu seus documentos, os contatos dos familiares que tinha trazido da Bahia, passou uns três meses morando na rodoviária, vivendo como um mendigo, "comendo o pão que o diabo amassou".

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Até que um dia, andando pelo Parque Dom Pedro, encontrou o amigo que o tinha primeiramente convidado a ir para São Paulo, Vilson. E ai começou a morar na casa da mãe desse amigo e as coisas começaram a melhorar.

 

Ele quis voltar pra Bahia, mas o Mestre Pinatti não deixou arrumando até um emprego para ele no Banco Auxiliar de São Paulo.
 

Começou a dar aulas no fundo da casa de Pinatti. Nesse tempo fundo seguindo a sua antiga academia (ACRI) fundou a ACRESP – Academia de Capoeira Regional de Elite de São Paulo. A "academia" nasceu no quintal da família do Mestre Pinatti.
 

Depois, em 1966, fundou a Associação de Capoeira Cordão de Ouro, junto com o Mestre Brasília. Mas, só 01 de setembro de 1967 que ela foi registrada. Após um período juntos, o Mestre Brasília saiu e fundou seu próprio grupo, “São Bento Grande”.

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Ness tempo, tempo da ditadura militar, um aluno seu, Almir das Areias (Almir Ribeiro), começou a andar com subversivos, nesse tempo o Mestre Suassuna tinha feito uma viagem a Bahia, e Almir estava tomando de conta da academia, daí o Almir começou a fazer reuniões de subversão dentro da academia.

Daí, como o Mestre Suassuna era o Mestre, então o DOI (Destacamento de Operações de Informações) levaram ele entendendo ser ele o líder dos subversivos, aquele que tinha opinião contra o regime. Com isso ficou 6 meses preso e apanhou muito, foi muito torturado, davam choque, fazendo perguntas, querendo saber de coisas que ele nem conhecia. Depois dos seis meses o Tenente Esdras, aluno do Mestre Bimba, o conheceu explicou tudo e soltaram ele. Daí prenderam o Almir.

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Em 1972 o Mestre Bimba em convite do seu aluno Airton Onça foi a São Paulo, e lá reconheceu os Percursores da Capoeira em São Paulo. Entre eles o Mestre Suassuna.

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Nos anos de 1975, 1978 e 1983, Mestre Suassuna gravada respectivamente, os Lp's Capoeira Cordão de Ouro, Volume I, II e III - Suassuna e Dirceu, produzidos pela gravadora continental, e co-produção do grande músico Dirceu Medeiros, baterista e maestro considerado um dos 10 melhores bateristas de jazz do mundo na época.

Após o sucesso desse trabalho musical o Mestre Suassuna gravou outros trabalhos
musicais com a capoeira gravando cds e fazendo participações em outros.

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Foi criador, de um novo estilo de jogo, denominado de miudinho. Segundo ele, “colocou simplesmente um nome novo numa capoeira antiga, só que de forma mais trabalhada”. Com miudinho, inventou um toque especifico do pandeiro e do berimbau. Relata, ainda, que “educou o aluno a jogar uma capoeira mais perto, mais próximo, resgatando, assim, a movimentação real da capoeira, é um jogo sem muita maldade, sem malícia, é um trabalho mais de movimentação da capoeira, resgate da própria capoeira, o miudinho foi feito exatamente para dar um brilho diferente na capoeira”.
 

É o fundador do Capoeirando Encontro Internacional de Capoeiristas, que começou em 1998, contando, no início, com o apoio do Mestre Gato (Grupo Senzala) e de vários Mestres. O encontro é um momento de diversão, lazer e aprendizagem.

 

Texto: Pesquisa do Mestre Salgado – CDO Sergipe

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